Na semana passada falei sobre a
impossibilidade de ausência do ponto de vista pessoal quando se produz qualquer
obra de arte, isso me levou a refletir que: se a visão pessoal do artista é
inevitável, a sua linguagem é o que faz com que sua mensagem seja possível de
ser decifrada. Acredito que a linguagem seja a coisa mais importante na
produção de uma obra, sem ela a ponte entre a mente do artista e seu público
não existiria e toda obra de arte seria vista apenas como algo decorativo. E
aqui eu proponho a questão deste post, se é impossível criar sem se expressar e
existem obras que, para cada um de nós, é “meramente” decorativa, onde está a
falha? Ou o artista falhou na linguagem, ou nós falhamos na interpretação dessa
linguagem. Temo que a segunda opção seja a mais comum.
Uma vez um psicólogo me disse que
se você não entende a mensagem, não quer dizer que ela não exista, apenas que
você está olhando para a coisa errada. Acho que essa colocação seja muito
pertinente no que diz respeito ao entendimento de qualquer obra de arte.
Para desenvolver o olhar
artístico, devemos aprender a ver. Um bom começo é conhecer algo sobre o
artista, conhecer o contexto social em que ele se insere, as questões que ele
costuma colocar em suas obras, o ponto de partida para a criação daquela obra
específica. Outra maneira de desenvolver esse olhar é entendendo um pouco sobre
simbologia, criatividade e processos criativos.
O mundo complexo em que vivemos
hoje nos apresenta, a todo momento, uma cacofonia de símbolos e contextos, que
absorvemos e resolvemos sem perceber. Cada vez que vamos de metro a algum lugar
temos que decifrar uma enormidade de símbolos (letras, números, cores, linhas e
pontos) caso não fossemos capazes de compreender toda essa simbologia, acabaríamos
perdidos. Então essa coisa de decifrar símbolos não é algo que desconheçamos,
afinal praticamos isso incessantemente todos os dias das nossas vidas, o caso é
transpor isso para um meio mais etéreo que é a arte. Essa adaptação é possível
quando nos propomos a desenvolver o nosso lado criativo e artístico. Mais uma
vez a maneira de criar um olhar simbólico é a prática. A solução tanto para
quem quer desenvolver a linguagem simbólica, de forma que seja possível fazer
arte com boa comunicação, tanto para quem quer enxergar a simbologia contida na
arte e com isso poder apreciar mais completamente as obras produzidas por
outros artistas (ou ambos). Por isso,
mais uma vez, mãos a obra! Afinal arte é expressão.
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